O vencedor do premio Nobel de Literatura em 2010, Mario Vargas Llosa deu uma entrevista sensacional para as paginas amarelas da publicação.
Seguem alguns trechos:
Sobre o presidente Lula: “Lula fez muito bem em continuar a política econômica liberal do presidente Fernando Henrique Cardoso. O Brasil está passando por um surto extraordinário de progresso e há um consenso, em toda parte, de que caminha para ser uma potência mundial. Mas me entristeceu muito vê-lo confraternizar com o regime decrépito e assassino de Cuba e com o ditador Fidel Castro no mesmo instante em que um dissidente político morria em consequência de uma greve de fome. É horrível também vê-lo relacionar-se com o ditador do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, líder de um regime tirânico que condena à morte por apedrejamento mulheres supostamente adúlteras e suprimiu as liberdades públicas no país.”
Sobre um modelo de estadista contemporâneo: “[O ex-presidente da África do Sul] Nelson Mandela. É um homem extraordinário. Saiu do cárcere para se entender com seus algozes em prol da pacificação do país. Poderia permanecer no poder por quanto tempo quisesse, mas deixou a Presidência após quatro anos de mandato. Tenho por ele uma admiração sem limites”.
Sobre sua experiência de candidato à Presidência do Peru, em 1990: “Éramos muito ingênuos, as forças que me apoiavam e eu mesmo. Achamos ser possível vencer pregando idéias, falando de temas absolutamente tabu num terreno envenenado pela esquerda — a livre iniciativa, a necessidade de investimentos estrangeiros, a proposta de abertura para o exterior. A experiência de perder foi dolorosa, claro, mas aprendi muito sobre a política e o poder, que são capazes de despertar o que há de pior dentro dos homens. A experiência, contudo, valeu. E acho que algo de nossa pregação permaneceu no Peru, nos dois governos democráticos que se sucederam após o pesadelo que foi a ditadura de Alberto Fujimori (1990-2000)”.
Sobre se sua atividade como polemista político prejudica ou não sua literatura: “Não consigo ficar fechado num gabinete. Acho que o escritor tem uma obrigação moral de se manifestar sobre os problemas de seu país, de seu mundo e de seu tempo. Não pode se omitir. Daí os artigos sobre política e os livros de ensaios sobre o tema que publico. Mas minha verdadeira e inarredável paixão é a literatura. A literatura é a minha vida”.
Sobre planos para o futuro para alguém, como ele, que está com 74 anos de idade: “A vida é uma dádiva maravilhosa, e procuro viver como se não fosse morrer nunca, com muitos projetos e muito trabalho. Procuro viver como se a morte fosse apenas um acidente. Isso me faz manter a vontade de viver e de produzir, a manter ilusões e esperanças.”
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