Depois de mais de um ano de ausência, essa semana voltou para as minhas mãos um dos meus livros mais adorados. “Os Mundos Mágicos do Mago da Publicidade” tem um título pra lá de piegas e nem podemos culpar os tradutores brasileiros, folclóricos no quesito tradução de títulos, já que nesse caso eles fizeram uma tradução literal.
O livro, o terceiro do “Mago”, que ao contrario do que você está pensando não é o Paulo Coelho e sim o publicitário e professor Roy H. Williams, é divido em quatro partes:
#1 - A Arquitetura da Mente, ou porque as pessoas pensam da maneira que pensam.
O Mago é dono de uma escrita simples e rápida mas que não deixa duvidas de que ele é um estudioso da sua profissão, ou um grande enrolão, o que torna agradável a ida de capitulo em capitulo, tema em tema.
Logo no primeiro já fica claro o que esperar das pouco mais de duzentas paginas seguintes, muita cultura pop, frases famosas ilustrando e dando credibilidade as colocações e principalmente narrações em primeira pessoa passando intimidade e cumplicidade com o leitor.
Através de inteligentes analogias que falam do poder das palavras, da necessidade de primeiro se entender o ponto de vista das pessoas que queremos interagir, e porque não, influenciar, mas principalmente da maneira que o cérebro funciona no processo de tomada de decisões, o Mago nos mostra como vencer os “mecanismos de defesa” da mente humana contra a influencia externa.
“A palavra certa é um agente poderoso.
Sempre que nos deparamos com uma dessas palavras intensamente corretas num livro ou num jornal, o efeito resultante é tanto físico quanto espiritual, e eletricamente imediato” Mark Twain
#2 - Ferramentas para a persuasão rentável.
A segunda parte do livro mostra como aplicar as técnicas aprendidas na primeira parte.
Usando tanto experiências próprias como casos famosos do mundo dos negócios para ilustrar a aplicabilidade dos seus princípios, o Mago constrói a crença de que qualquer um pode influenciar os rumos de um negocio ruim, apenas com o poder da comunicação.
Mas esse não é um manual de picaretagem, muito longe disso, e o próprio Mago avisa que não existem milagres rápidos, na verdade não existem milagres:
Você é um soldado ferido sofrendo dores insuportáveis durante a Segunda Guerra Mundial. Então os paramédicos aplicam-lhe uma dose de morfina. Quando as dores voltam, eles lhe aplicam outra dose. A morfina elimina a dor. Então, enquanto os paramédicos tiverem morfina em estoque, seu problema estará resolvido, certo?
Não exatamente. Você continua ferido, lembra-se? A morfina está meramente mascarando os sintomas. O que você realmente precisa é de uma cirurgia que salve sua vida e de tempo para sua recuperação.
O que eu deveria retirar de dentro de minha cartola nesse momento, soldado? Meus instrumentos cirúrgicos, a solução para os seu problema? Ou a morfina, aquela pequena droga muito atraente que faz a dor ir embora enquanto você sangra e morre?
O que você está dizendo? Um comprimido para fazer a dor ir embora e curar a sua ferida de tal forma como se você nunca tivesse sido ferido? Perdoe-me, mas esse comprimido não existe. Qual é a sua segunda escolha?
A dor é o aviso do seu corpo para sua mente consciente: Ei, gênio, temos um problema que exige sua atenção imediata. A dor da empresa funciona da mesma forma. Todo empresário que sofre de dores financeiras precisa compreender o seguinte:Sua empresa está lhe dizendo que tem um problema que exige sua atenção imediata.
Um “transito lento” ou uma “tendência de vendas em declínio” não representam o problema, mas apenas sintomas do problema.
Na melhor das hipóteses, todo recurso publicitário de ação rápida é um analgésico exatamente como morfina.
A morfina vicia rapidamente e se você usá-la por muito tempo, ela poderá matá-lo.(...)
Você está começando a compreender por que os empresários são atraídos por recursos publicitários de ação rápida sempre que eles se vêem padecendo de dores financeiras? Fabricar morfina é fácil, mas usá-la é perigoso e, geralmente, mortal.
Agora que já adverti você a respeito da natureza insidiosa e das propriedades sedutoras e mortais da morfina, ensinarei “Como fabricar morfina empresarial”. Continue lendo.
#3 - Traçando seu destino e seus sonhos.
Aqui as coisas começam a ficar muito mais interessantes. O Mago agora aplica seus princípios não ao mundo dos negócios, mas sim a vida. Seguindo sua analise sobre como a mente funciona e como toda as suas decisões são tomadas, ele mostra que podemos não só influenciar outras mentes mas também a nossa própria para atingirmos nossas metas.
“Tudo se resume a uma simples escolha - ocupar-se vivendo ou ocupar-se morrendo.” - Andy Dudresne, em Um Sonho de Liberdade.
Usando mais uma vez suas próprias experiências e historias misturadas com historias de amigos, Roy ensina técnicas de motivação, apresenta propostas de como ter uma vida mais focada nas coisas que realmente importam.
#4 - Magos à vontade.
Essa é minha parte preferida do livro, e releio constantemente seja para me acalmar frente as dificuldades da vida, seja atrás de inspiração e força quando grandes mudanças são inevitáveis.
Sou um grande fã de biografias, adoro conhecer a historia de homens que pelo bem ou pelo mal mudaram o mundo. Suas motivações, seus temores, o que os tornava fortes, o que os derrotou. A historia de Hitler e de como ele saiu do meio do nada para quase colocar o mundo de joelhos é fascinante, monstruosa é verdade, mas ainda fascinante.
Júlio César, Steve Jobs, John Lennon, Bill Gates, Michel Jackson, todos eles mudaram o mundo e merecem que suas trajetórias sejam conhecidas.
Mas não precisamos ir tão longe para termos historias de pessoas que aplicam todos os conceitos que o Mago narra e nesse capitulo ele conta historias de pessoas que se tornaram famosas e que mudaram a realidade que viviam apenas com a força de vontade e com um espirito indomável.
Nessa quarta e ultima parte você vai conhecer a luta entre o boxeador Bram Stoker e o poeta Oscar Wilde, como uma negra, filha de escravos se tornou uma das mulheres mais ricas e influentes de um Estados Unidos racista e sexista na década de 1890.
Vai saber como a entrada do terno como o conhecemos hoje pode ser um exemplo de vida, ou porque os canadenses são melhores comediantes que os americanos.
Vai saber que presidentes também fazem loucuras por amor, que índios são seres extremamente sábios e que um homem com um sonho é um homem que pode alcançar qualquer coisa.
“James Cramer sonha em gerenciar um portfólio de ações de vários milhões de dólares. Ele quer ter poder em Wall Street e falar com voz de trovão.
James Cramer mal consegue sobreviver como escritor para um pequeno jornal.
Como James não tem dinheiro algum para investir, ele começa a gerenciar um portfólio imaginário de ações. Logo, ele está passando todo seu tempo livre estudando o mercado de ações e se torturando muito com seus investimentos imaginários, como se milhões de dólares de verdade estivessem em perigo. Sua concentração e intensidade são surpreendentes. Seus amigos perguntam, “O que deu no James?”
James está quase explodindo com novas teorias sobre negociação de ações. Como seus chefes no jornal não permitem que ele escreva sobre suas idéias extravagantes, ele decide simplesmente começar por onde está. Então, tal qual um sonhador, James Cramer começa a deixar dicas sobre ações em sua secretária eletrônica para quem calhar de ligar para seu número.
Às vezes, as ligações são da operadora telefônica que quer oferecer a James outro serviço interurbano. Às vezes, as ligações são de estranhos que, por engano, discaram o número errado. Mas a maioria das ligações é de amigos que pensam que James não está batendo bem da cabeça. “ouça, Dom Quixote, estou realmente saturado de ter que ouvir essa sua dica-do-dia sobre ações antes de poder deixar-lhe uma mensagem. Corta essa, está bem? Ninguém está interessado, e mesmo se estivéssemos, você sabe que nenhum de nós tem dinheiro. Hei, me liga quando chegar e decidiremos onde jantar. Mas eu não quero ouvir coisa alguma a respeito de mercado de ações hoje à noite, falou? A propósito, você é um idiota.”
Martin Peretz quer que James escreva uma crítica sobre um livro para sua revista, The New Republic. Ele liga e a secretária eletrônica atende. Fascinado pela dica sobre ações, Peretz decide seguir o conselho que James tão generosamente deixou para “quem quiser seguir”. Logo, Peretz passa a ser uma pessoa que liga todos os dias. Um dia, ele liga e encontra James em casa. Paira um silêncio meio embaraçoso enquanto ele aguarda a gravação. Quando Peretz finalmente percebe que James se encontra realmente na linha, ele diz: “Oi, meu nome é Martin Peretz e estou convencido de que suas dicas sobre ações são muitíssimo melhores do que as que estou recebendo de meu corretor. Você gostaria de gerenciar um portfólio de 500 mil dólares?”
Não, não se trata de uma história que inventei para o roteiro de um filme. James Cramer e Martin Peretz são pessoas de verdade. Atualmente, James Cramer é um furacão em Wall Street, onde ele gerência um portfólio de ações de mais de 200 milhões de dólares. Seu site na internet, www.TheStreet.com, é visitado por milhares de investidores todos os dias.
Talvez os amigos de James Cramer estivessem certos: apenas um idiota pesquisaria tanto só para deixar uma dica sobre ações numa secretária eletrônica. Sim, qualquer pessoa que fizesse isso teria que ser um idiota totalmente dedicado, de ouro puro, no valor de 200 milhões de dólares.
Nossa! Quem me dera ser um idiota assim tão grande.”
Mas a principal lição que você vai aprender nesse livro, é que a vida é feita de escolhas, ou como disse Andy mais acima, escolher entre ocupar-se vivendo ou morrendo.
Esse livro trata de acreditar que você pode conseguir, mas também saber que o mesmo caminho que leva ao grande sucesso é também o caminho que leva ao enorme fracasso e que você não deve nunca se lamentar se as coisas derem errado, por que elas dão o tempo todo, e só o que podemos fazer é nos levantarmos novamente e continuarmos tentando.
“Você é capaz de tomar uma decisão e, depois, arcar com as conseqüências? Você tem a coragem de assumir suas convicções ou você vacila, enrola, se atormenta torcendo as mãos sempre que precisa tomar uma decisão importante? Aprendi uma lição preciosa com meu amigo Tony e você lucraria muito se aprendesse também. Sempre que for necessário tomar uma decisão, tome-a! Não tente sair pela tangente. Ou como ele diz: Puxe o gatilho e monte na bala!” - Roy “O Mago” Williams