Essa semana, duas declarações marcaram, ou pelo menos deveriam ter marcado o noticiário.
Primeiro, foi Marco Aurélio Garcia, assessor especial para assuntos internacionais (assessor especial deve ser o novo ASPONE), que ao comentar a emissão indevida, quiçá ilegal, de alguns passaportes diplomáticos para a familia do ex-presidente Lula saiu-se com essa:
"Existe uma coisa no Brasil que são as leis escritas. Se isso está de acordo com as leis, eu não vejo nenhum problema. Eu imagino que possa agradar muito àqueles três ou quatro por cento que consideram o governo Lula ruim ou péssimo, mas, para mim, é um tema inteiramente irrelevante. Eu acho que o país tem coisas bem mais relevantes com as quais se preocupar"
Uma frase tão profunda e elucidativa que merece uma analise em duas partes.
"Existe uma coisa no Brasil que são as leis escritas. Se isso está de acordo com as leis, eu não vejo nenhum problema [...]"
Como se vê, existe um problema claro na linha de raciocínio do aspone, digo, assessor especial. Primeiro uma coisa chamada ética ou compromisso com a verdade. A lei a qual ele se refere é o decreto 5.978.
Podem procurar, eu particularmente estou tendo uma certa dificuldade para encontrar onde se encaixam os dois filhos, ambos com mais de 21 anos (que se juntam ao irmão famoso) e o neto do ex-presidente.
"[...] Eu imagino que possa agradar muito àqueles três ou quatro por cento que consideram o governo Lula ruim ou péssimo, mas, para mim, é um tema inteiramente irrelevante. Eu acho que o país tem coisas bem mais relevantes com as quais se preocupar."
Essa parte da frase não tem nem muito como comentar, dela pode-se deduzir que: Primeiro só 3% da população tem algum senso ético, o que duvido.
Segundo qualquer tema que não seja o tema numero 1 do país é irrelevante, partindo da mesma lógica temos que pra que se preocupar com as pessoas que morrem nos corredores de hospitais publico se existem cidades sem hospitais ou elevando ainda mais a questão, porque nos preocupar com hospitais, ou passaportes ou qualquer que seja a questão se o raça humana em ultima instância não sabe de onde veio e pra onde vai?
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Essa fila você só enfrenta se não tiver parentes moluscos. |
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Dai para o vale tudo é um pulo (que talvez já tenha sido dado), afinal poucos dias depois foi a vez de Pedro Abramovay, secretário nacional de políticas sobre drogas, se declarar favorável a liberação do trafico de cocaína em "pequena escala".
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Índice de desemprego de aviões do trafico vai cair se Sergio Cabral e Pedro Abramovay implantarem suas "políticas sociais e de segurança". |
Cesar Maia colocou muito bem alguns dos efeitos que a proposta livre de preconceitos (preconceituosos são sempre os contrários) do secretário trariam.
Vai ser a própria liberação do tráfico de drogas e a multiplicação dos "aviões" que entregam a cocaína. Vai ser a expansão do varejo de cocaína, que é o próprio tráfico de drogas no Brasil. Enquadrar em pequeno delito seria reforçar a linha de venda de drogas. E, nesse caso, como tratar a pirataria? Como tratar delitos como furtos, roubos... O que é um pequeno traficante? É o que ocorre hoje fora das bocas de fumo, mas sincronizado a elas. A violência -claramente associada ao tráfico de drogas- vai crescer, e muito. Hoje, o menor -grande maioria- já não vai para prisão. Agora generaliza. [aqui]
Infelizmente para o Rio de Janeiro essa entrevista sai na mesma semana que a noticia de que o trafico esta de volta ao complexo do alemão.