Sabadão Aventura


A algum tempo eu e a patroa vinhamos planejando um passeio pelo Rio de Janeiro, ou melhor, uma série de passeios turísticos. Afinal a cidade é linda e quando moramos aqui (ou nos arredores como é o meu atual caso em Niterói) as vezes negligenciamos suas belezas em troca de passeios externos que não chegam nem aos pés da cidade maravilhosa.

Mas simplesmente pegar um carro dirigir por 12 minutos, passar mais 12 minutos tirando fotos e mais 12 minutos descendo de carro e chegar em casa uma hora aproximadamente após sair não teria muita graça e resolvemos transformar o passei numa mini aventura e ir a pé.

O trajeto escolhido foi partindo do Jardim Botânico, o onisciente Google informava que a caminhada seria de uns cinquenta minutos para ir e o mesmo tempo para voltar por um caminho arborizado e com alguns mirantes para registros fotográficos.


Os convidados escolhidos foram criteriosamente selecionados pela simpatia com a sentida ausência do meu querido Nobru e da sua digníssima senhora Suellen que não estudou quando era nova e está precisando compensar agora, mas Sávio, Ivana e Luciana foram companhias pra lá de agradáveis.

Mas se tudo estava bem até aqui na nossa programação, não se pode dizer que a coisa continuou assim.


A saída de Niterói atrasou e só chegamos ao Jardim Botânico por volta de 11 horas, Natália já tinha comido as duas frutas que tinha levado para uma eventual falta de energia e já reclamava de cansaço!


O trajeto consistia em uma  subida constante e rapidamente dilapidou a fé das meninas que de que seria completado com sucesso já que o preparo físico delas beirava o patético. 

Olha a reação de espanto da Natália quando chegamos no 
COMEÇO do parque 50 minutos antes da Vista Chinesa


Elas ficavam parando de cinco em cinco minutos com a desculpa de tirar fotos enquanto o Sávio estava neurótico tentando manter o ritmo para não perder as forças repetindo a mesma frase quase que como um bordão 
"Vai tirar foto agora? Deixa pra tirar na volta e vamos chegar logo na Vista Chinesa"
Apesar de todos os percalços nós chegamos a Vista Chinesa, que é realmente deslumbrante e... LOTADA! Sério, dezenas de Jeeps dos turistas fazendo "safári" na floresta da Tijuca estacionam por minuto. Mas com alguma sorte e muita paciência é possível conseguir algumas janelas de oportunidade quando o mirante fica praticamente vazio e pode-se tirar belas fotos que são o único motivo para se ir ali.

loves in the air

Pausa para historia:
Desde 1856, o Jardim Botânico estava ligado ao Alto da Boa Vista por uma estrada carroçável, aberta por influência do Barão do Bom Retiro e cuja execução e manutenção foi contratada a Thomas Cochrane. Registra a crônica da cidade que, nessa obra, foram empregados trabalhadores coolies trazidos de Macau, na China, para desenvolver a lavoura do arroz, mas que, não tendo demonstrado qualquer habilidade para a agricultura, foram aproveitados na construção da estrada. Essa região apresenta uma assombrosa coincidência de presença chinesa, iniciada com a vinda dos plantadores do chá de D. João VI. Depois do fracasso dessa lavoura, segundo Brasil Gerson, os chineses se teriam espalhado "pelas fraldas da Tijuca". Em 1844, um mapa da área registrava uma edificação denominada "Casa dos Chinas". Provavelmente, um resquício dessa primitiva experiência. Essa vocação provavelmente explica por que a prefeitura (o prefeito Pereira Passos, em 1903, com projeto do arquiteto Luis Rei), edificou, em argamassa copiando o bambu, às margens dessa estrada, anos mais tarde, o pavilhão da Vista Chinesa. | Fonte: Wikipedia. 

Chegada fake das meninas

Isso era por volta da uma e meia da tarde e resolvemos estender a adrenalina um pouco mais e seguir até o próximo ponto turístico, a Mesa do Imperador que ficava a módicos 1,1 km a mais.

E incrivelmente foi tudo rápido e tranquilo, talvez porque os músculos já estavam entorpecidos pelos 6 km anteriores, tiramos mais algumas fotos e resolvemos descer.

Mesa do Imperador virou bancada.

E a descida reservou os causos mais engraçados do dia.

O pedaço de estrada entre a Mesa e a Vista é dominado por jovens skatistas por volta de 15 anos que descem em velocidades alucinantes. Corta.

Natalia e Luciana para fazer uma graça resolveram voltar da mesa do imperador correndo enquanto Eu, Sávio e Ivana seguimos andamos. Corta.

Quando nós encontramos novamente na Vista Chinesa minha Natalinha estava ainda mais branca que o normal, e mal chegamos ela já disparou a falar que um moleque skatistas tinha tirado um fino da canela dela a toda velocidade na descida que ela tinha começado a brigar com os garotos, distribuindo esporro pra todo lado que poderia ter perdido a perna se ele acerta ela e blá blá blá. Baixinha e dando esporro em mais de 15 skatistas, essa é minha menina.

Depois de se recuperar do susto começamos a descida, e o assunto era uma artista global que tirava fotos na Mesa do Imperador com o "namorado" e fazia algumas poses exóticas. A Natália já tinha comentado isso conosco (eu e Luciana) elogiando as fotos enquanto ainda estávamos lá.

A Ivana começou a criticar as fotos, e a Natália estranhamente concordou com ela e quando levantei o fato de ele ter elogiado as fotos a alguns minutos minha digníssima mulher teve a cara de pau de dizer que não tinha elogiado nada.

Mas dessa vez a vingança veio a jato e eu, ao contrario do que acontece quase que diariamente, tinha uma testemunha. Quando a Luciana confirmou que eu disse a verdade quando disse que ela disse que as fotos eram iradas ela ficou roxa e não sabia onde enfiar a cara.

 Ahhh o doce sabor da vingança.

Mas ainda teríamos um item para acrescentar a lista, o Sávio aquele começou a reclamar quando as meninas queriam parar para tirar fotos na descida, ai eu tive que fazer uso de minha prodigiosas memoria para lembra-lo do bordão usado na subida que dizia que fotos tinham que ser tirados na descida.

Ele ao contrario da Natalia assumiu o erro e ficou morrendo de vergonha como tinha que ser.

A partir desse incidente a descida seguiu correndo bem, até que chegamos a um ponto onde existe uma trilha que leva até uma cachoeira, as meninas como seres menos dotados fisicamente ficaram esperando na primeira cachoeira enquanto eu e Sávio fomos desbravar a floresta da Tijuca por uma trilha inóspita,  o tempo que se leva até a cachoeira é de pouco mais de 10 minutos, mas os obstáculos são incrivelmente cansativos, subir por raiz de arvores, descer rochas segurando em corrente são alguns dos itens a serem superados para chegar a uma gostosa mas cheia cachoeira.


Agora sim, devidamente cansados, quebrados, sujos e mal humorados (afinal estávamos desde as dez horas sem comer) nós seguimos pelo resto do caminho quase em disparada até o Belmonte e seus deliciosos pasteizinhos de palmito e camarão.

No começo do trajeto o pensamento era fazer um passeio desses por semana mês, mas acho que vai ser mais coisa de uma vez por ano semestre ou vida.


Bonde da aventura para a posteridade.

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