Estou desenvolvendo uma teoria que envolve livros e filmes, vejam se concordam comigo:
“A qualidade de um filme adaptado de um livro é inversamente proporcional a qualidade do livro.”
Como toda teoria que presta, o oposto dessa teoria também se prova verdadeiro:
“A qualidade de um livro que virou filme é inversamente proporcional a qualidade do filme”
Essa teoria tomou forma na minha mente na ultima semana, após uma infrutífera espera de boa vontade por parte do Cinemark de Niterói em passar o filme Drive eu me dispus a ir assistir o filme no vizinho e amado Rio de Janeiro e descobri que nem lá o filme estava mais em cartaz e como minhas esperanças de assistir o filme com uma bela tela, um super som e de forma legalizada foram totalmente frustradas tive que recorrer a locadora Paulo Coelho, aberta 24 horas por dia 7 dias por semana com todos os melhores lançamentos do momento. </merchan>
Mas voltemos um pouco no tempo, ainda na semana passada, mas alguns dias antes fui ao shopping com a patroa para sua milésima compra de roupa (e olha que ela nunca tem nenhuma quando precisa) esse mês. Como de praxe enquanto ela escolhia a melhor mais cara roupa de suas lojas preferidas eu corri para a livraria. O objectivo inicial era comprar o livro “Jogador Numero 1” que tinha sido muito bem recomendado pelo MRG e que realmente parecia bom nas poucas paginas que li baixadas da internet como teste.
Entre uma olhadela e outra não localizei o dito cujo, porem vi a nova edição do livro Drive, e como estava difícil assistir o filme (ainda não tinha se tornado impossível como contei acima) eu resolvi arriscar os Spoiler e mandar ver, já que o livro era fino e apenas vinte e poucas dilmas. Ainda tinha o bónus de que todo o livro era sempre melhor que o filme, uma falácia muito propagada no mundo todo.
Enfim comprei o bendito livro e já que estava lá comprei também uma coleção de contos de Edgar Allan Poe mas como ainda não li fica para depois os comentários.
Pois bem, enquanto lia o livro essa semana tive conhecimento que estava se tornando cada vez mais impossível, se é que isso é possível, assistir o filme pelos métodos convencionais e fui pelo método P.C..
Pois bem, o filme é muito bom e valeu totalmente o tempo perdido entre a busca de legendas e arquivos de video de boa qualidade.
Ryan Gosling merece totalmente os aplausos que recebeu pelo filme, poucas palavras e muita emoção em cada cena, Irina a vizinha era uma delicia, extremamente sexy e merece um filme com menos roupa.
Mas uma coisa me chamou a atenção logo de começo e esse fato é que me levou a formular a teoria da diferenciação quântica de qualidade entre livro e filme.
Se você quiser saber mesmo qual é essa fato saiba que ele estará recheado de Spoiler tanto do livro quanto do filme. Sigamos:
(...)
O filme não tem nada haver com o livro. Tudo bem que o personagem principal é supostamente o mesmo, um super piloto que trabalha como duble em cenas de carro e que nas horas vagas aplica suas habilidades como piloto de fuga em crimes de verdade. É correto também afirmar que ambos são emocionalmente “vazios” e incrivelmente eficientes e por ultimo foi uma pessoa chamada Shannon que ajudou o Garoto a conseguir seu primeiro emprego como duble.
Ok, existe um Nino e seu sócio, existe o dinheiro do assalto e a maioria dos personagens realmente foram retratados no livro, porem no filme eles estão inteiramente diferentes em termo de motivação, envolvimento com a historia e principalmente destinos.
Irina a vizinha sexy e gostosa morre com uma bala bem no meio dos córneos no meio do livros. BOOOM, sua cabeça também explodiu depois dessa informação.
Shannon? Morre em um acidente de carro numa gravação nas primeiras vinte paginas e sua única utilidade foi apresentar o Piloto (como ele é chamado na maior parte do livro) ao mundo do cinema.
Mas calma, eu não estou falando mal do filme ao contrario de 99% dos comentários a respeito de mudanças e adaptações, as de Drive foram um ponto a favor.
Não que me importe se Shannon morre no começo, no meio ou no fim e muito menos com o motivo, com a Irina da película eu me importaria. ;)
O Fato é que o livro é uma confusão tremenda, a mania, técnica ou psicose do autor em evitar nomes torna tudo muito tortuoso. Existe o Garoto, que também é conhecido como Piloto e as vezes é tratado apenas como Ele. Existe o Doutor, existe o Cozinheiro personagem central do assalto que desencadeia toda a confusão e que não consta no filme.
No livro Standard já está praticamente separado e o relacionamento entre Irina e o Piloto é bem livre o que permite a aproximação entre os dois (Garoto e Standard). O "ex" de Irina inclusive pede que o piloto tome conta dela e do filho se algo der errado no fatídico assalto.
Nino e seu sócio, que eu não lembro o nome e não vou procurar, aparecem apenas do meio para o final e não tem nenhuma ligação com a historia do Garoto até que o dinheiro vai parar nas mãos dele.
Mas voltando a confusão do livro, primeiro é o fato de serem centenas de personagens em duzentas paginas, sendo que muitos sem nome com apelidos que mudam de uma hora para a outra sem muita lógica. Segundo que o livro é todo contado em duas linhas temporais principais e que nem sempre se mostram sequenciais, alem de outras linhas auxiliares. Explico:
Uma linha temporal narra o começo do Garoto até ele se tornar o Piloto, e outra narra a historia desde o assalto a loja de penhores. Essas são as duas linhas principais. Além delas, existe uma que narra em retrospectiva do tiroteio no quarto de hotel até o assalto.
Cada capitulo é exatamente como uma ação na vida do Piloto, uma encontro com um personagem, ou uma atitude, tudo extremamente rápido e direto.
Outra coisa que foi alterada para o cinema foi o pesado conteúdo politicamente incorreto. O livro é uma ode contra os imigrantes latinos da Califórnia.
Não existe um capitulo em que algum personagem não reclame que não entende nada que esses latinos que são uma praga no pais falam. Imagino que os motivos dessa temática ter sido cortado do filme são bastante óbvios.
Sobre os finais não posso comentar muito porque ainda falta 1/4 de livro a ser finalizado.
Mas recomendo definitivamente o filme e moderadamente o livro. Bem moderadamente mesmo.
Volto outro dia para dizer se o final é tão louco e carniceiro como os primeiros 3/4. Quem sabe uma guinada foda salve o livro no melhor estilo Eu sou a lenda. (o livro não o filme).