Archive for setembro 2013

Sobre o Raul.



O Raul

Durante minha vida profissional, eu topei com algumas figuras cujo sucesso surpreende muita gente.
Figuras sem um vistoso currículo acadêmico, sem um grande diferencial técnico, sem muito networking ou marketing pessoal. Figuras como o Raul.

Eu conheço o Raul desde os tempos da faculdade. Na época, nós tínhamos um colega de classe, o Pena, que era um gênio.

Na hora de fazer um trabalho em grupo, todos nós queríamos cair no grupo do Pena, porque o Pena fazia tudo sozinho.

Ele escolhia o tema, pesquisava os livros, redigia muito bem e ainda desenhava a capa do trabalho - com tinta nanquim.

Já o Raul nem dava palpite. Ficava ali num canto, dizendo que seu papel no grupo era um só, apoiar o Pena.

Qualquer coisa que o Pena precisasse, o Raul já estava providenciando, antes que o Pena concluísse a frase.

Deu no que deu.

O Pena se formou em primeiro lugar na nossa turma. E o resto de nós passou meio na carona do Pena - que, além de nos dar uma colher de chá nos trabalhos, ainda permitia que a gente colasse dele nas provas.

No dia da formatura, o diretor da escola chamou o Pena de 'paradigma do estudante que enobrece esta instituição de ensino'.

E o Raul ali, na terceira fila, só aplaudindo.

Dez anos depois, o Pena era a estrela da área de planejamento de uma multinacional.

Brilhante como sempre, ele fazia admiráveis projeções estratégicas de cinco e dez anos.
E quem era o chefe do Pena? O Raul.

E como é que o Raul tinha conseguido chegar àquela posição? Ninguém na empresa sabia explicar direito.

O Raul vivia repetindo que tinha subordinados melhores do que ele, e ninguém ali parecia discordar de tal afirmação. Além disso, o Raul continuava a fazer o que fazia na escola, ele apoiava.

Alguém tinha um problema? Era só falar com o Raul que o Raul dava um jeito.

Meu último contato com o Raul foi há um ano. Ele havia sido transferido para Miami, onde fica a sede da empresa.

Quando conversou comigo, o Raul disse que havia ficado surpreso com o convite. Porque, ali na matriz, o mais burrinho já tinha sido astronauta.

E eu perguntei ao Raul qual era a função dele. Pergunta inócua, porque eu já sabia a resposta.

O Raul apoiava. Direcionava daqui, facilitava dali, essas coisas que, na teoria, ninguém precisaria mandar um brasileiro até Miami para fazer.

Foi quando, num evento em São Paulo, eu conheci o Vice-presidente de recursos humanos da empresa do Raul.

E ele me contou que o Raul tinha uma habilidade de valor inestimável...

ELE ENTENDIA DE GENTE!

Entendia tanto que não se preocupava em ficar à sombra dos próprios subordinados para fazer com que eles se sentissem melhor, e fossem mais produtivos.

E, para me explicar o Raul, o vice-presidente citou Samuel Butler, que eu não sei ao certo quem foi, mas que tem uma frase ótima:

“Qualquer tolo pode pintar um quadro, mas só um gênio consegue vendê-lo".

Essa era a habilidade aparentemente simples que o Raul tinha, de facilitar as relações entre as pessoas.

Perto do Raul, todo comprador normal se sentia um expert e todo pintor comum, um gênio.

Essa era a principal competência dele.

'Há grandes Homens que fazem com que todos se sintam pequenos. Mas, o verdadeiro Grande Homem é aquele que faz com que todos se sintam Grandes".

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Pelas estradas

A vida é como um estrada, normalmente ela vai simplesmente em frente, algumas curvas é verdade, mas nunca com opções de trocar de caminho. É sempre uma questão de frear um pouco antes das partes perigosas e segurar o volante firme, mas as vezes, a vida, como toda estrada, apresenta mudanças de caminho.

Elas se apresentam como cidades no meio do caminho, as vezes essas cidades parecem mais alegre, as vezes mais bonita, as vezes até mais ricas que a nossa própria cidade.

Outras vezes o que se apresenta é a oportunidade de se trocar de estrada, a promessa que na próxima estrada você vai conseguir mais velocidade, mais segurança.

O problema é que nunca existe muito tempo para escolher, se você pensou um pouco… booom. A cidade já passou, a entrada da outra estrada ficou para trás.

Algumas pessoas escolhem sair do caminho traçado e tentar o novo, outras optam conscientemente por se manter na rota definida com a confiança que o futuro vai ser recompensador pra quem persevera.

Por ultimo tem aqueles que por pensarem demais perdem a oportunidade que eles não conseguem nem decidir se queriam ou não. Esse é o tipo mais perigosos, porque olham sempre pelo retrovisor, param de se preocupar com a estrada que seguem e começam a se preocupar com a estrada que ficou pra trás. 

Imaginar como ela é, que desafios e prazeres ela reserva passa a ser tudo o que essas pessoas pensam. E como eles não conhecem a estrada que ficou para trás, eles começam a criar sua própria estrada imaginar. E uma estrada imaginaria não tem defeitos, não tem momentos de chuva ou pista escorregadia. Não é estreita e todos os buracos são tapados.

A pouco tempo atras eu passei por uma dessas estradas. E também por uma dessas cidades.

Escolhi seguir em frente no meu caminho, e continuar pela minha estrada que levava a minha velha e amada cidade.Mesmo assim eu penso ainda na estrada que ficou para trás. Espero que pare de pensar logo.

A felicidade não está na estrada que leva a algum lugar. A felicidade é a própria estrada.Bob Dylan

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Faz seculos que não venho nesse querido espaço, postar algum pensamento estupido.

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