Sinto falta aqui no Brasil de uma coisa que é comum “lá fora” boas propagandas que exaltem a rivalidade entre marcas.
Não sei se é nossa síndrome de "vira-latas" mas aqui no Brasil qualquer critica é entendida como uma declaração de ódio, sátiras são entendidas como desprezo e rivalidade é entendida como deslealdade.
Não sei se é nossa síndrome de "vira-latas" mas aqui no Brasil qualquer critica é entendida como uma declaração de ódio, sátiras são entendidas como desprezo e rivalidade é entendida como deslealdade.
Junte-se a isso o fato de, ao contrario do que os mais ingênuos acham, sermos um pais basicamente agrário1 e pronto, morte a qualquer propaganda que envolva disputas entre empresas.
Alias, pensando bem, qualquer tipo de rivalidade é demonizada no pais. Sudeste e nordeste, cariocas e paulistas, flamenguistas contra o resto. Sempre que se tenta fazer uma comparação entre um grupo e outro e puxar a sardinha para o seu é um deus nos acuda.
PC no melhor visual Beto Barbosa.
Após assistir o comercial acima tente imaginar duas empresas rivais brasileiras fazendo o mesmo. Alias, primeiro tente achar duas empresas rivais brasileiras. Só existem empresas concorrentes na área de serviços (mesmo assim em itens controlados pelo governo) e varejo.2
Nem empresas estrangeiras tradicionais e que existem no Brasil conseguem manter o estilo. Quer um exemplo, pôs lá vai:
Imagine um comercial com um menino escolhendo onde
comprar seu biscoito Pão de Açúcar ou Mundial.
Em época de eleição os "especialistas" dizem quem você não pode acusar seu adversário das coisas que ele fez, nem lembra-lo das coisas que disse e/ou prometeu porque as pessoas vêem isso como "apelação". Ou seja, dizer que alguém mente quando essa pessoa mente é apelativo, logo pela lógica, mentir é uma vantagem. E depois não sabem porque os políticos brasileiros estão no nível que estão.
O Stand-up brasileiro é tão debochado pelas pessoas que consomem e conhecem o que é feito fora do Brasil exatamente por isso. Não é exatamente por culpa dos comediantes e sim da nossa cultura e do nosso senso comum.
Zoar as pessoas que "eles" (os criadores do senso comum) consideram disponíveis, leia-se políticos, e ricos, ok. Agora experimente zoar o amigo do dono da rede de TV que você trabalha, arrisque-se a fazer aquela piada de raiz que todo mundo já fez na mesa do bar em rede nacional para você ver ( #rafinhafeelings), é um deus nos acuda de novo e aquelas mesmas pessoas que adoravam quando você zoava quem "eles” deixavam, agora vai ficar uma fera.
Existe no país um exercito que acham que todos somos mongolóides incapazes e vão inclusive as ruas (ou invadem universidades) para defender seu direito de só consumir conteúdo que eles acham certo e quando eles (sempre eles) acham justo.
Nesse sentido começou na semana passada uma votação muito pertinente no Supremo Tribunal Federal. Uma analise sobre a inconstitucionalidade de um artigo do ECA que tinha por objetivo dizer quando as pessoas podem assistir determinados programas. Afinal as pessoas não tem capacidade para decidir por si o que querem, quando querem e o como educar seus filhos, e nosso digníssimo governo que não tem mais nada para fazer tem que cuidar disso por nós.
“Chegou a hora de o cidadão deixar de ser tutelado pelo estado” (…) “É fundamental que a sociedade atraia para si essa atribuição, cabendo ao estado incentivá-la nessa tomada de decisão, e não domesticá-la.” Dias Toffoli, no voto do julgamento acima.
Sai divagando tanto enquanto pedalava na academia que depois eu volto para expor melhor as idéias que comecei aqui.
1. Duvida? Pois pesquise sobre a balança comercia, o PIB do pais e qual ramo da economia os sustenta ou clique aqui.
2.Sei que pela lei brasileira é proibido citar outra empresa, e sei também que existem empresas concorrentes na área de serviços que não atuam em itens regulados pelo governo, apenas acho que são empresas de menor porte e sem tanto "poder" mídiatico para fazer a diferença.