Das escolhas que nos definem, ou uma ode ao trabalho duro.


Nada da mais mais medo na vida do que fazer uma escolha, em qualquer nível, para qualquer coisa. Estudos já provaram que quanto mais opções você tem mais infeliz você é. Única e exclusivamente porque você tem que fazer mais escolhas.
Ontem foi um desses dias na minha vida... um dia de fazer escolhas.
As 11 horas recebo um email da minha chefe: “Preciso almoçar com você, só nos dois”. Faltava uma hora para o almoço e minha cabeça entrou em polvorosa, qual seria o problema que ela levantaria no almoço, ficava tentando imaginar alguma cagada que eu poderia ter feito nos últimos dias, qualquer coisa que tivesse motivado aquela súbita convocação e nada parecia encaixar.
“Quer assumir a chefia da equipe?” 
Assim, sem muita conversa e da maneira mais direta possível ela perguntou se eu toparia deixar de ser um executor para ser o “mandador”. Foi apenas por um segundo mas milhões de coisas passaram pela minha cabeça e duas tiveram o grande destaque e também foram grandes antagonistas.
# E se eu não conseguir.
Primeiro é preciso esclarecer que ao contrario de 90% das pessoas no Twitter e na internet de um modo geral eu não sou um gênio super bem sucedido desde os meus 15 anos. Sou um profissional, inteligente sim, mas com vários defeitos também. Claro que tento sempre evoluir e tenho melhorado passo a passo na carreira e que como a maioria (que obviamente não usa a internet porque nela todos são bem sucedidos) tomei algumas decisões imbecis que atrasaram minha vida profissional mas me fizeram crescer como pessoa. 
Segundo que sou a pessoa com menos tempo de empresa em relação a equipe que comandaria o que já despertou em minha o alerta de ciúme alheio.
Junte isso tudo e o fato de alem de nunca ter sido um chefe, sempre ter sido um subordinado dos mais exigentes (aka chato) e você tem uma bomba mental levantando milhões de coisas que poderiam dar errado.
Eu sou o melhor profissional da minha equipe, estou numa posição de conforto porque sei que a empresa precisa de mim. E o convite para a chefia embora fosse um elogio me tiraria dessa zona de conforto e me colocaria em check novamente até que provasse o meu valor no novo cargo.
Com todo esses temores jogando de um lado é de se imaginar que eu estava quase recusando, mas do outro lado do tabuleiro da decisão também existiam muitos argumentos trabalhando.
# Quem não arrisca não petisca.
Uma leve arrogância que eu tenho, acredito que eu sou capaz de quase tudo que uma pessoa normal pode fazer. Acredito na verdade que qualquer pessoa pode, basta ter a força de vontade necessária e garanto que eu tenho.
Se você quer me motivar a fazer algo, coloque aquilo como um desafio, por natureza eu me obrigo a enfrentar qualquer coisa que me de medo ou pareça arriscado.
De certa maneira o primeiro pensamento que tive, do risco que assumir o cargo representava, foi também um dos maiores incentivos que poderia receber de mim para aceitar o desafio.
No colégio e na faculdade eu sempre acreditei que “liderava” meus amigos. Sempre fui eu que organizei a vida social da galera, montava as equipes dos trabalhos escolares e decidia o que e como seria feito, o que me deu uma ideia de que eu seria um bom líder, mas é aquela historia, uma coisa é idealizar algo, outra é ser desafiado a colocar aquilo em pratica e eu estava ciente dessa diferença.
Mas uma vez um desafio, e desafios me empurram para frente e para a luta.
E como ultimo grande argumento a favor de aceitar a proposta veio o sentimento de orgulho. Sempre procurei fazer bem o meu trabalho porque aprendi que o meu trabalho é apenas um reflexo de de quem eu sou. E sempre me vi e também queria ser visto como alguém bom, ou melhor, ótimo e ser convidado para um cargo de comando era um claro reconhecimento do meu bom trabalho, como ficou explicito depois na conversa que tive com a diretoria de contabilidade da empresa sobre a proposta. Não aceitar o cargo seria praticamente admitir que por mais que eu passasse uma ideia de ser bom eu não me achava tão bom assim, ou ainda pior, eu praticamente teria matado qualquer expectativa de uma carreira melhor, de ascender alem de onde estava porque eu sempre levaria aquele medo comigo. Como diz o ditado, nós somos a soma das nossas escolhas. Escolha o medo uma vez e ele sempre estará lá.
Esse era o momento da virada, o momento entre ter fé na própria força e coragem de aceitar as consequências que viram, sejam elas boas ou ruins.
Sou um colecionador de frases feitas, pílulas de sabedoria e coisas do gênero. Posso manter uma conversa profunda durante muito tempo só com frases alheias. Mas nesse segundo entre “EQUIPE?” e a palavra que sairia da minha boca, só uma frase ziguezagueava pelos pensamentos desconexos que tentavam formar a minha decisão. Era uma frase que eu não pensava a muito tempo, ela foi muito usada no meu segundo grau e parece que tinha sido plantada na minha cabeça exatamente para ser o estopim da decisão agora.
“Prefiro as lagrimas por não ter vencido do que a vergonha de não ter lutado” 
Os lábios se moveram, ainda meio secos daquele semi-eterno segundo de pensamentos e a palavra se formou como um universo que se forma.
“TOPO” 
No fundo eu sabia que tinha sido movido por ambição desde que aos dezoito anos resolvi sair de casa e no fundo acredito que me preparei durante vinte e oito anos sempre tentar evoluir e conquistar vitoria pessoais. Não podia recusar a evolução quando ela se apresentava tão claramente. Ciente dos riscos, ciente dos problemas mas sempre com coragem de ir a frente, não só no meu emprego como em tudo na vida.
Novecentas e poucas palavras depois segundo o Pages e você pode estar se perguntando mas e o salário. Pare e reflita porque você pode estar fazendo algo errado.
O dinheiro é importante, muito importante, importante para caraleo. Mas as vezes, só as vezes, ele é secundário. Esse é um desses momentos.
Agora tenho um mês para preparar a transição e enfrentar o novo desafio.
Queria muito dedicar esse texto a todas as pessoas que garantem aos quatro ventos que só se cresce na vida com o folclórico QI (Quem Indique), ou das que dizem que ninguém reconhece um bom trabalho e todas aquelas baboseiras usadas para justificar a mediocridade e a preguiça. Obrigada de todo o meu coração, porque são pessoas como vocês que fazem pessoas como eu terem destaques nas equipes de qualquer empresa, de qualquer cidade desse nosso Brasilzão querido.
Disclaimer: Eu não sou um desalmado cruel, minha chefe foi gerenciar outra área da empresa por isso nada a lamentar por ela. :)   

PS: Coincidentemente ontem no site Papo de Homem teve um excelente artigo sobre o mercado de trabalho. Vale uma olhada.

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