Visitas em três atos.


Você esta em casa, tranquilo no sofá com aquela cueca velha e desbeiçada sem muitas preocupações, quando não mais que de repente o telefone toca. Do outro lado da linha esta aquele seu tio (primo, amigo, pai, whatever) com aquela singela frase. 
"Vou ter que resolver um assunto aí em Niterói (ou a cidade que você more) essa sexta e pensei em passar o fim de semana aí, o que você acha?"
Claro que você topa, primeiro por uma questão de educação, afinal não é porque a pessoa do outro lado da linha não teve ao se convidar para ir na sua casa que você não vai recebe-lá. Segundo porque normalmente a pessoa que se convida é alguém que você já tinha convidado em algum momento (bêbado no casamento daquele primo de segundo grau da primeira mulher do seu irmão não conta) e até fico honrado com a presença da pessoa, seja por ser um bom parceiro de copo, de papo ou pelo status quo que receber essa pessoa pode agregar a você no próximo Natal. 
Mas o que você não sabe é que você acabou de dar inicio a uma cadeia de acontecimentos dos quais não se pode escapar. A mais de mil anos os três estágios de uma visita são objetos de estudo por parte dos maiores antropólogos do mundo civilizado e também do mundo brasileiro. 
#1 - EPV [Excitação Pré-Visita]
Estudos comprovam que ironicamente o momento entre saber que você vai receber uma visita e o imediatamente anterior a chegada da mesma é também o mais prazeroso de toda a visita. 
Quando você recebe a confirmação que aquele seu parente/amigo vem passar alguns dias sua Memoria afetiva imediatamente entra em ação tentando fazer você lembrar de todos os momentos divertidos que você teve com essa pessoa nos últimos 15 anos. E que fantásticas são aquelas 10 lembranças que ficam martelando na sua cabeça. 
Além das boas lembranças aumentando a sua expectativa de que o fim de semana será Legendário, você tem que planejar o fim de semana, uma tarefa que envolve o ato de comprar, e não sejamos fingidos, nós homens também adoramos comprar. Principalmente cerveja, whisky, bacon e outros quitutes de alto garbo para nosso convidado. 
Disclaimer: Embora alguns analistas mais xiitas se recusem a aceitar o EPV como um momento da visita pelo simples fato de não haver uma "visita" envolvida  nós do Bibliorréia estamos entre os que cagam para isso. 
# 2 - Altas Expectativas, baixas perspectivas. 
Você comprou aquele Black Label (afinal não esta fácil para ninguém), uma bela peça de picanha para recepcionar aquele seu amigo/tio/primo/pessoa querida que era mais divertido que assistir Seinfeld e quando ele finalmente chega e como se o tempo não tivesse passado, as mesmas piadas, brincadeiras e perguntas de 15 anos atras. 
Você ainda esta entorpecido pelos efeitos da etapa #1 e não percebe ainda, o tempo é inexorável e… tcháram… 
Você nota que algumas das piadas dele são meio ruins, na verdade aqueles 10 momentos memoráveis que você se lembrava não são realmente tantos em comparação ao tempo de convívio que vocês tiveram. Na verdade, agora que você pensa no assunto, talvez uns 2 momentos daqueles 10 nem tenham sido mesmo com o visitante e na ânsia da visita voce apenas confundiu tudo.
Essa talvez seja a etapa com potencial mais cruel de todas as três, já que se você  descobrir a realidade cedo demais voce pode ficar preso a essa situações por mais tempo do que a sanidade de um homem pode agüentar. 
Existem relatos de um homem que assassinou todos os 46 gatos da solteirona do apartamento ao lado ao se ver preso com seu padrinho de casamento numa visita de uma semana que ele recebeu. 
Para evitar maiores sofrimentos, recomenda-se manter-se bêbado durante qualquer visita que dure mais de 12 horas. A bebida não vai impedir você de ver a realidade, mas vai fazer você não se lembrar dela ao amanhecer. (Uma versão de "Feitiço do Tempo" do bem). 
#3 - Entre partidas e promessas. 
Você se animou na quinta, se divertiu na sexta enquanto comprava tudo para visita. Relembrou o passado no sábado de manha logo após aquele pedaço vivo da sua história cruzar o batente da sua porta. 

Tomou um soco na cara da realidade ao constatar que aquela pessoa é muito mais chata do que leilão no canal do boi, esta com uma puta dor de cabeça devido a quantidade de de doses de whisky que teve que tomar para sobreviver. 
Mas, como Deus é justo, tudo que é bom termina e o que é ruim também vai pra casa do caralho. 
Chegou grande dia, o dia da despedida. Esse momento magico, também é o único momento em que você tem alguma escolha durante uma visita, acompanhe a cena:
As malas estão prontas, ao lado da porta de entrada, as esposas conversam despreocupadamente afinal elas não se conhecem a anos, não tem uma "bagagem". 
Você olha para o seu amigo, ele olha para você:
"Bom, esta na minha hora. Foi um prazer cara!" - Ele diz com sinceridade. 
"Que isso, o prazer foi todo meu" Você começa mentido, talvez seja a hora de parar de falar, fingir um choro… sei lá. Mas não, 99% das pessoas proferem a fatídica frase que envolve apenas duas palavras mas horas de sofrimento:
"Volte Sempre!”





Meses depois
Você esta em casa, tranquilo no sofá com aquela cueca velha e desbeiçada sem muitas preocupações, quando não mais que de repente o telefone toca. Do outro lado da linha esta aquele seu tio (primo, amigo, pai, whatever) com aquela singela frase. 
"Vou ter que resolver um assunto aí em Niterói (ou a cidade que você more) essa sexta e pensei em passar o fim de semana aí, o que você acha?"
Claro que você topa, primeiro por uma questão de educação, afinal não é porque a pessoa do outro lado da linha não teve ao se convidar para ir na sua casa que você não vai recebe-lá. Segundo porque normalmente a pessoa que se convida é alguém que você já tinha convidado em algum momento (bêbado no casamento daquele primo de segundo grau da primeira mulher do seu irmão não conta) e até fico honrado com a presença da pessoa, seja por ser um bom parceiro de copo, de papo ou pelo status quo que receber essa pessoa pode agregar a você no próximo Natal. 

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