Aceitando o inevitável - Um breve estudo sobre o paradoxo bebida/idade


Agora é oficial: Estou velho.

Sem rodeios, sem preparação, afinal, não da mais pra fingir que não aconteceu, ou pra achar que foi só dessa vez. Estou velho e não posso mais fazer as coisas que eu já fiz um dia.

Se vocês são pessoas de bom gosto, auto garbo e inteligentes, com certeza absoluta já assistiram (e ainda assistem) "How I Met Your Mother" e consequentemente se lembram de um episodio em que o Ted faz uma lista de coisas que ele não pode mais fazer por estar velho e o Barney se auto desafia a cumprir todos os itens*.

Após pouco mais de um mês sem ir a um bar, quebrei a rotina e fui beber no sábado e quando acordei no domingo só conseguia ficar colocando em perspectiva o que meu Eu de 10 anos atras acharia do meu Eu de hoje.

# O Lugar

Antes eu tinha apenas duas exigências a respeito do lugar que frequentava: Que tivesse pelo menos um amigo meu no mesmo lugar e que entre as outras pessoas a maioria fosse composta de mulheres com notas média de no minimo 6. Simples assim. 

O lugar podia ser longe, o lugar podia ser feio, o lugar podia até ter cerveja ruim. Se eu tivesse ao menos um amigo e uma quantidade de mulher pra incomodar eu estava satisfeito.

Já no sábado passado, os seguintes critérios para escolher o lugar que seria agraciado com a minha presença foram utilizado: Ser perto de casa, ter lugar para sentar, ter cerveja boa, não ser quente, ter um atendimento bom (ou pelo menos razoável) e comida gostosa.

Quão mais gay uma pessoa pode se tornar antes de oferecer a bunda a desconhecidos? Quem escolhe um bar por ser confortável (lugar para sentar e clima agradável) ou a heresia máxima  por ter comida boa. Quem quer comida boa vai a um restaurante, não a um bar, meu Eu do passado diria na lata. 

Isso sem contar com a questão de "ter cerveja boa" que leva automaticamente para a próxima questão na minha escalada da velhice.

# O Custo beneficio

Se eu tivesse que escolher um critério no mundo para definir se alguém é jovem ou velho, sem a menor sombra de duvidas séria a relação entre o custo e a quantidade de bebida alcoólica consumível.

Quando eu tinha 20 anos só o que importava era transformar meu salario na maior quantidade de cerveja possível, Bavaria e Itaipava foram as cervejas oficiais das noites de porre da Farani** por muito tempo e agora eu me pego usando como critério para escolher um bar a qualidade da cerveja? Se ela é importada ou não? Sei coisas como o que é Pale Ale, Trippel e pior de tudo, bebo cerveja em taças... e gosto!

Poderia aqui invocar uma pretensa qualidade e/ou sabor para me justificar, ou dizer que agora ganho melhor e etc mais isso seria mentira, o fato incontestável é que estou velho e o próximo item da lista é a prova definitiva para o meu sub consciente que tenta pateticamente justificar as atitudes acima.

# The Hangover

O cérebro pode tentar de todas as maneiras justificar escolher um lugar confortável para beber, com mesas, espaço e clima ameno. Pode até mesmo achar uma desculpa por pagar 50 dilmas numa long neck numa conta maluca que envolve teor alcoólico, idas ao banheiro e custo da sola do tênis nessas caminhadas.

Mas nada, eu disse nada, pode mascarar o fato que mesmo chegando em casa as onze da noite e apenas meio bêbado eu tenho acordado domingo com uma ressaca digna de Hollywood.

Eu, que podia passar mais de 36 horas bebendo e curtindo o carnaval sem parar agora sou só um velho que volta pra casa antes da meia noite e ainda acorda completamente quebrado no dia seguinte. Sempre!

Infelizmente, as vezes, precisamos assumir a derrota e procurar aceitar que tudo na vida é passageiro. Minha juventude e dignidade alcoolística inclusive.



* Assim como eu quando tento me auto provar que ainda sou um garotão num corpo de trintão, Barney também se fudeu e não conseguia nem andar no final do episodio.

** Farani é uma mitológica Rua que fica na divisa dos bairros de Botafogo, Flamengo e Laranjeiras do Rio de Janeiro que nos seus áureos tempos foi frequentada pelas figuras mais brilhantes e divertidas do circuito etílico carioca. Seu expoente máximo era o lendário Bar DaFoca

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