Muito se fala hoje em dia de politicamente correto, bullying e congêneres mas a muitos anos essa síndrome já ataca a população escolar.
Nunca vou me esquecer quando tomei um esporro publico de uma professora por simples pressa em defender o que era politicamente correto.
Primeiro é preciso situar geográfica e temporalmente a questão.
Eu era um garoto de classe media numa cidade do interior, estudava em uma escola publica porque minha avo (com quem eu morava) era diretora do colégio e julgava que isso era o correto, Cristovam Buarque aplaudiria.
Pois bem, eu morava no melhor bairro da cidade, todas as casas tinham jardins na frente, "cercas" baixas como um típico subúrbio de filme americano. Como toda cidade do interior que se preze, a minha tinha uma popular exposição agropecuária com parque de diversões, feira de animais e tudo que se possa esperar desse tipo de evento.
Um belo dia lá por volta da 5ª serie, ou seja eu tinha meus 11 anos, a professora resolveu levar a turma para um tour na Expo e o caminho, que seria feito a pé (era uma cidade de interior, as pessoas caminham), passava pela minha rua.
Corta a cena para mais uma composição de cenário.
Na casa próxima a minha, decorando o jardim haviam estatuas em tamanho real da branca de neve e dos sete anões. Imaginem o quanto era fascinante para uma criança de uns 11 anos ser vizinho do Atchim, do Zangado, do Mestre, do Pratico e de todos os outros que a gente nunca lembra o nome sem esforço.
Volta para a cena do passeio.
Eu cai na besteira de falar em auto e bom som para a turma toda que iríamos passar pela casa dos anões, que eles ficavam no jardim, mas para minha surpresa eu não causei tanta animação quanto na minha mente infantil eu achei que causaria e algumas dos meus colegas me olharam com um inconfundível ar de reprovação.
Foi então que a atenção da professora foi atraída pelo clima pesado que tinha se instalado em torno de mim. Quando ela ficou sabendo que eu tinha dito que iríamos passar na casa "dos anões" ela ficou uma fera, me deu uma super lição de moral, que eu tinha que respeitar as pessoas, que eu não poderia falar assim, que eu não poderia debochar e tal qual uma ditadora fascista (na época eu não conhecia essa palavra), golpista, invasora da USP, ela não me deu a mínima chance de explicar.
A caravana seguiu seu caminho, eu marginalizado com leve apoio do meu melhor amigo, que ainda sim mantinha uma saudável distancia de mim. Tive que esperar 20 minutos pela minha redenção, mas ela chegou porque passamos em frente a maldita casa dos anões e quando a primeira criança avistou e comentou sobre o fato foi como se eu tivesse recebido uma .12 e autorização para me vingar. Fiquei como um louco gritando e dizendo que eu bem que tinha avisado que era legal.
A FDP da professora se fez de besta e nem pediu desculpa, mas estava pouco me fudendo para ela, o problema eram meus "amigos" e para a crise que os anões tinham causado na minha vida.
PS: Alias, agora olhando em retrospecto eu tenho algum problema com anões, já quase entrei na porrada em uma festa por causa deles. Mas isso é assunto para outro dia que estou atrasado.